Em reação à proposta do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit) que pretende retirar R$ 90 milhões das obras de derrocamento do Pedral do Lourenço, o senador Zequinha Marinho anunciou na sessão de ontem, 10, do Senado Federal que já solicitou reuniões com o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e com o diretor-geral do Dnit, Fernando Galvão, para defender a manutenção dos recursos.
A informação sobre a transferência de recursos das obras no Pará para a construção de um porto em Manaus foi publicada na edição do último sábado, 7, de O LIBERAL. No documento que encaminhou ao Ministério dos Portos e Aeroportos, o Dnit alega que por ter recebido a licença de instalação apenas no meio do ano, a totalidade dos recursos disponibilizados para a obra não será executada neste exercício.
O senador Zequinha Marinho chama atenção para a demora na liberação da licença. Ele lembra que a autorização por parte do Ibama ocorreu quase 11 anos após a publicação do edital de licitação da obra. “O edital foi publicado dia 11 de setembro de 2014. De lá pra cá, estamos acompanhando, cobrando, pressionando o Ibama pela licença. Finalmente, saiu. Agora vem o Dnit querer atrasar ainda mais essa obra que é estratégica para o Brasil. Não vamos permitir tamanho absurdo”, enfatizou Zequinha.
O derrocamento do Pedral do Lourenço viabilizará a Hidrovia Araguaia-Tocantins. A expectativa do setor produtivo é que por esse novo eixo logístico passem de 20 a 60 milhões de toneladas de cargas por ano, impactando positivamente na economia das regiões Norte e Centro-Oeste.
O projeto da Hidrovia Araguaia-Tocantins já existe há mais de cinco décadas. Em razão da sua extensão geográfica, ligando o Centro-Oeste à Amazônia, a hidrovia passará a ter um papel bastante significativo na articulação dos centros produtores de commodities e os mercados internacionais, que serão acessados pelos portos do Pará.
Ao justificar a necessidade dos recursos para a obra no Pará, o senador Zequinha fez uso de dados do Ranking de Competitividade dos Estados. Criado para proporcionar um entendimento aprofundado das 27 unidades da federação, o ranking avalia 10 pilares temáticos como forma de orientar a atuação dos líderes públicos na busca por maior eficiência na gestão pública e na promoção da competitividade estadual. Um destes pilares analisados é a infraestrutura e, justamente nesse quesito, o Pará aparece com o pior indicador dentre todos os estados brasileiros.
“O Pará precisa avançar muito na infraestrutura e, justamente o Dnit, que deveria trabalhar para melhorar essa situação, aparece agora para atrapalhar o desenvolvimento do nosso estado. Nós não podemos permitir isso. Vamos nos mobilizar para fazer a devida pressão política a fim de que se evite essa brincadeira de mau gosto”, concluiu o senador.